terça-feira, 15 de novembro de 2011

Os pés na terra

Despeço-me dos sonhos,

como quem assiste à partida

de um grande amor,

imposta p'la razão de ser das coisas

e não pelos desígnios de uma vontade,

de um peito que respira ar alheio.

Despeço-me dos sonhos,

sonhos do longe do sempre,

excedendo a própria vida.

Toupeiras na pele,

subterrâneas,

fazendo girar motores antigos

fumegando odores que lembram

ruminam.

Sonhos soçobrando

no sopro da cedência

incómodo

mal digerido

sussurando ao ouvido,

baixinho baixinho...


Setembro 2011


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