terça-feira, 29 de junho de 2010

Leva-me

Caíram,

desde cedo,

vozes de ira,

amarrotando a flôr,

agigantando o grito,

no peito cor de nódoa.

Sorte postiça

vivida por demais.



Hoje acordo. Garras gastas apontadas

p'ra onde quer que se esvaziem meus lábios

mordendo cada inquieto momento.

Traço do que restou...


O fio pisado quebrou-se

e à deriva calcorreio

pontas de exagero soltas,

novas. Estremeço no que não sei.


Abre-se o espaço, a terra, o ar,

e minha grinalda lanço

ao vento

que a voa embala

para sentir-me ter-me

em todos os contornos,

em cada polegada de nudez.

Para gritar a flôr (gigante)

e tornar

DE VEZ

à porta

do descanso

azul

e verde.


Maio/Junho 2010


segunda-feira, 28 de junho de 2010

Espero-te

Espero-te,

por entre as ervas

me ver daninha

e só.

Ilusão

a de me salvares,

voar para ti,

e no teu ombro ficar

seguindo o sopro da vida,

a tua,

sem que me lembre

do que não sou.


Cansaço...


Muitos dias

troquei de asas,

troquei de fé.

E as unhas,

na terra fincadas,

mais não eram que sonho

a arder onde não deve,

onde não cabe.


Depressa em ti mergulhei,

afogando a súplica

de um toque,

apagando o silêncio

em minha pele.

Sorriso feito afinado

roçando nu

paredes vazias.


Espero-te...

Na crista do monte do mundo.

Tua mão.

A minha.

Juntas tecendo a sombra

que me aquece os olhos.

Juntas olhando

o azul leal das estrelas.

Juntas balouçando a vida,

distraída,

continuando.


Maio/Junho 2010