O azul do mar brincando nas ondas.
A vida as flores.
O azul criança que anoitece
na segurança de uma banda-desenhada.
O azul ganga da juventude que fica,
resistente.
O azul largo de um horizonte que me coloca no mundo.
O azul de um céu esperançado de estrelas.
O azul transparente de uma piscina
nadando livre leve.
O azul húmido que enternece as paredes de minha casa.
O azul ruminante dos sonhos que não alcancei.
O azul escuro após o jantar
inquieto, de tão sozinho.
O azul vórtice no estômago,
de quando não consigo falar.
O azul cinzento
subtraído à dor.
O azul das lágrimas dificilmente partilhadas.
O azul perdido,
de quando partiste.
O azul colo dos olhos de minha mãe.
O azul
a que tantas vezes renunciei
e que me pertence,
reconheço-me nele
amadurecido p'lo tempo
outra textura:
a da sinceridade,
minha,
a pouco e pouco.
Março/Abril 2011