segunda-feira, 30 de maio de 2011

Azul

O azul do mar brincando nas ondas.

A vida as flores.

O azul criança que anoitece

na segurança de uma banda-desenhada.

O azul ganga da juventude que fica,

resistente.

O azul largo de um horizonte que me coloca no mundo.

O azul de um céu esperançado de estrelas.

O azul transparente de uma piscina

nadando livre leve.

O azul húmido que enternece as paredes de minha casa.

O azul ruminante dos sonhos que não alcancei.

O azul escuro após o jantar

inquieto, de tão sozinho.

O azul vórtice no estômago,

de quando não consigo falar.

O azul cinzento

subtraído à dor.

O azul das lágrimas dificilmente partilhadas.

O azul perdido,

de quando partiste.

O azul colo dos olhos de minha mãe.

O azul

a que tantas vezes renunciei

e que me pertence,

reconheço-me nele

amadurecido p'lo tempo

outra textura:

a da sinceridade,

minha,

a pouco e pouco.




Março/Abril 2011