Que piso?
Não sei.
Pedra alva, charco, lodo?
Não sei.
Este caminho fi-lo
para te encontrar,
que te conheço.
As cem caras que usas
nos dias mais belos
...e nos mais fracos.
A roupagem vermelha morna
com que me abraças a solidão
no frio molhado do mar.
Sentença de vaga presença,
és o beijo que me agarra,
a estrela que soletra meu nome
num passado que já lá vai.
És tu o caminho surdo
do voltar, voltar, voltar.
E de novo me pergunto:
- Que chão é este que piso
sem saber o sol, o dia, a noite?
Feliz, completa em sorriso
e, ao virar da página,
uma lágrima de ferida aberta
no tombar da ilusão.
A vida percorre-me a carne,
apaga-se-me por entre os dedos.
É meu o seu estertor.
À solta o tempo esvoaça,
e eu vivo por onde passa
o etéreo cheiro do amor.
Julho/Agosto 2010