sábado, 25 de setembro de 2010

Caminho

Que piso?

Não sei.

Pedra alva, charco, lodo?

Não sei.

Este caminho fi-lo

para te encontrar,

que te conheço.

As cem caras que usas

nos dias mais belos

...e nos mais fracos.

A roupagem vermelha morna

com que me abraças a solidão

no frio molhado do mar.

Sentença de vaga presença,

és o beijo que me agarra,

a estrela que soletra meu nome

num passado que já lá vai.

És tu o caminho surdo

do voltar, voltar, voltar.

E de novo me pergunto:

- Que chão é este que piso

sem saber o sol, o dia, a noite?

Feliz, completa em sorriso

e, ao virar da página,

uma lágrima de ferida aberta

no tombar da ilusão.

A vida percorre-me a carne,

apaga-se-me por entre os dedos.

É meu o seu estertor.

À solta o tempo esvoaça,

e eu vivo por onde passa

o etéreo cheiro do amor.


Julho/Agosto 2010