Hoje cedo o sol brilhou,
seus raios de areia quente
numa pele final de tarde
que a brisa beija, arrepia.
Fechei os olhos...
O presente alastrou-se...
Fui corpo, calor, redenção,
nas veias correndo a seu tempo, devagar.
O descanso sacudiu-me inteira.
Larguei os braços as pernas
e entreguei-me à cadeira sempre pronta,
acolhendo-me as formas herdadas,
e as outras,
de quem cede ao apetite nocturno.
Lá longe o anjo da noite,
a muito custo voando,
esbracejando rente ao chão.
Consigo a mala da zanga,
o sangue correndo chumbo,
e nem um dente,
branco.
Lá longe a dúvida a pergunta
forçando a vida a outro ritmo,
e o tempo fugindo em fio grosso.
Não sei quando o pano irá correr,
nem tão pouco se irei bater palmas.
Mas o sol brilha em arco-íris
na gota que cai e se escoa em mil saídas:
a vida, o espaço, a possibilidade.
Abri a porta da rua,
e cá dentro um bocadinho
disponível para amar.
Maio 2011