sábado, 2 de julho de 2011

Dia de sol

Hoje cedo o sol brilhou,

seus raios de areia quente

numa pele final de tarde

que a brisa beija, arrepia.


Fechei os olhos...

O presente alastrou-se...

Fui corpo, calor, redenção,

nas veias correndo a seu tempo, devagar.

O descanso sacudiu-me inteira.

Larguei os braços as pernas

e entreguei-me à cadeira sempre pronta,

acolhendo-me as formas herdadas,

e as outras,

de quem cede ao apetite nocturno.


Lá longe o anjo da noite,

a muito custo voando,

esbracejando rente ao chão.

Consigo a mala da zanga,

o sangue correndo chumbo,

e nem um dente,

branco.

Lá longe a dúvida a pergunta

forçando a vida a outro ritmo,

e o tempo fugindo em fio grosso.


Não sei quando o pano irá correr,

nem tão pouco se irei bater palmas.

Mas o sol brilha em arco-íris

na gota que cai e se escoa em mil saídas:

a vida, o espaço, a possibilidade.



Abri a porta da rua,

e cá dentro um bocadinho

disponível para amar.


Maio 2011