Uma folha na copa de uma árvore
tão verde como as outras
bem irmanada nervuras afins:
nem muito bruta
nem parada nos pormenores.
Apenas a felicidade
do tom acastanhado de Outono
quando o sol do céu se desprende,
o riso de cócegas soltas
sempre que o vento sai à rua agitado,
e a queda pela força da chuva
sem a vertigem de o fazer sozinha.
Depois volta,
com as flores os pássaros
verde viçosa
espirrando o pólen
num lenço emprestado.
A seiva diluindo-se, correndo -
a imposição de se expandir,
tocar, ser tocada
tão profundamente,
sem reparar.
Gostava de ser uma folha
assim
eu e todas as outras
folha como as outras
na copa farta de uma árvore.
Julho 2011