Sonhei-te onde menos quis,
no depois do depois da esperança,
quando a seiva se extingue
pelo ventre vazio.
Sonhei-te,
esplêndido,
no cimo do mar,
esperando-nos em espuma, após o embate,
para lá do que possamos dizer.
Sonhei-te,
como sonho dia-a-dia,
num canto que só conheço cá dentro,
o canto onde me antecipas os passos
e te deixarei meus braços,
abundantes braços,
maiores do que o mundo,
caindo num sorriso escancarado
naquele ponto tão certo
onde céu e terra se acumulam.
Outubro 2010